Jovens são mortos a tiros durante ação policial em Salvador; PM diz que houve confronto, famílias negam

  • 09/07/2025
(Foto: Reprodução)
Caso aconteceu na Estrada do Cetrel, em Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador. Um dos jovens estudava para ser Testemunha de Jeová e o outro aguardava chegada do primeiro filho. Dois jovens baleados em ação policial na zona rural de Camaçari são sepultados Dois jovens foram mortos a tiros na Estrada do Cetrel, em Camaçari, cidade da Região Metropolitana de Salvador, na terça-feira (8). A Polícia Militar informou que o caso ocorreu após confronto entre homens armados e agentes da corporação. A família e moradores, no entanto, negam essa versão. Segundo informações de familiares, Gilson Jardas de Jesus Santos, de 18 anos, e Luan Henrique, de 20, eram amigos de infância e não tinham envolvimento com a criminalidade. Gilson era o irmão mais velho de três filhos, trabalhava em uma fazenda de eucaliptos, e estudava para se batizar como Testemunha de Jeová. A namorada de Luan Henrique, que trabalhava como ajudante de pedreiro, está grávida, e ele já tinha um filho de um ano e oito meses. 📲 Clique aqui e siga o perfil do g1 Bahia no Instagram Jovens são mortos a tiros durante ação policial em Salvador Reprodução/Redes Sociais Conforme Maria Silvânia, mãe de Gilson Jardas, os dois amigos estavam na frente da casa dela, quando os policiais passaram na viatura, fizeram o retorno e abordaram os jovens. De acordo com Maria Silvânia, testemunhas viram o momento que os policiais mandaram os dois entrar no imóvel. Em seguida, os vizinhos ouviram dois tiros. Logo depois, conforme os relatos dos moradores, Gilson e Luan foram retirados da casa e colocados no porta-malas da viatura. "Eu vivi uma cena de horror, porque sempre ensinei para meus filhos que polícia protege. Ensinava que polícia era do bem e de repente, vi meu filho saindo morto, sendo executado dentro da casa dele, foi uma cena de terror", lamentou Maria Silvânia. Jovens são mortos a tiros durante ação policial em Salvador A família questiona a versão da polícia, de troca de tiros no local, já que logo após o "confronto", os policiais não mostraram as armas que estariam com os jovens, quando questionados. "Eu perguntei onde estava a arma, entrei na casa e pedi para que eles mostrassem. Não tinha absolutamente nada. Quando entrei na viatura, para tentar filmar a viatura, eles me empurraram. Fui jogada para fora", contou a mãe de Gilson Jardas. "Meu filho e o Luan não têm mais como se defender, mas vou lutar e provar que esses policiais só vieram com objetivo de matar alguém, não importava quem fosse. Meu filho era trabalhador e estava sentado em casa, esperando a namorada, para ir na minha casa almoçar junto com o Luan", desabafou. Mãe se desespera ao ver filho morto após ação de PM na Bahia As famílias dos jovens também questionam a falta de marcas de tiros na casa e cápsulas no chão. "Eles vão ter que provar, porque as armas que eles apresentaram... Eles só chegaram na delegacia duas horas depois. Eu acompanhei. Fui para casa, peguei meu carro e fui para o hospital. Eles já não estavam mais no hospital e só foram aparecer na delegacia duas horas depois", relatou a mãe de Gilson Jardas. "Eu vou viver meu luto quando ver a justiça ser feita. Policiais são para proteger e não para matar os filhos dos outros. Meu filho era inocente". Vídeos mostram desespero de mãe Vídeo mostra desespero de mãe após morte de jovem em ação policial na Bahia Vídeos gravados por moradores circulam na internet mostram familiares revoltados com as mortes dos jovens. Em uma gravação, o corpo de Gilson Jardas aparece no porta-malas da viatura da Polícia Militar. A mãe de um deles, desesperada, se aproxima e contesta a versão dos policiais: "Senhor, vocês mataram meu filho". Nas imagens, é possível ouvir que o agente responde: "Sim, mãe, mas a gente vai dar socorro. Se demorar, é pior". A mulher rebate: "Ele não estava armado. Cadê a arma?". Em outro momento, a mãe de Luan Henrique grita. Segundos depois, o jovem aparece carregado pelos policiais: "Luan! Luan! Meu Jeová! Vocês mataram meus filhos. Vocês disseram que trocaram tiros... Cadê a arma?", questionou aos prantos. "O pecado será perdoado, mas vocês vão responder diante de Deus", completou a mulher. No vídeo, os vizinhos ainda hostilizam os policiais com gritos de "assassinos". Vídeos gravados por moradores circulam na internet mostram familiares revoltados com as mortes dos jovens. Reprodução/Redes Sociais O que diz a Polícia Militar Em nota, a Polícia Militar informou que uma equipe da 59ª Companhia Independente da Polícia Militar fazia rondas no loteamento Canto dos Pássaros, quando foi surpreendida por homens armados. De acordo com a PM, após uma troca de tiros, Gilson e Luan foram encontrados baleados, com armas nas mãos. A corporação afirmou que os dois foram socorridos e levados para o Hospital Geral de Camaçari, mas não resistiram aos ferimentos. De acordo com a Polícia Militar, com os jovens, foram apreendidas duas pistolas calibre .40 (ambas com numeração suprimida), uma espingarda calibre 12 (sem numeração) e uma pistola falsa. A Polícia Civil informou que o caso foi registrado na 4ª Delegacia de Homicídios (DH/Camaçari) como mortes por intervenção de agente de segurança pública. Família rebate Irmão de jovem morto em Camaçari contesta versão da polícia Os corpos dos jovens foram sepultados no final da tarde desta quarta-feira (9), em Camaçari. A despedida de Luan aconteceu primeiro, no Cemitério Jjardim da Eternidade. Durante a cerimônia, o irmão dele, Wesley Clayton, desabafou. "Luan era trabalhador, um menino incrível, não tinha tempo ruim pra nada. Sempre disposto para ajudar a galera. Todo mundo conhece a trajetória de Luan ali". Já Gilson foi enterrado no Cemitério de Monte Gordo, distrito da cidade. A advogada da família, Mônica Santana, também comentou o caso. Segundo ela, os detalhes do inquérito ainda não foram disponibilizadas para as famílias. "São pessoas de família, que não cometeram nenhum crime, não tinha nenhuma relação com tráfico, facção ou algo parecido", pontuou. A família de Gilson diz que ele tinha uma espingarda em casa, que usava para caçar passarinhos, e um simulacro para jogar airsoft, que é uma modalidade esportiva. As duas pistolas são desconhecidas pela família. Advogada de jovem morta em Camaçari diz que ainda não teve acesso a inquérito Secretaria de Segurança Pública se pronuncia Também por meio de nota, a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) se solidarizou com as famílias dos jovens e informou que as Polícias Civil e Militar já iniciaram as investigações, protocolo padrão em todos os casos registrados como confronto com resultado morte. Acrescentou ainda que a Corregedoria Geral do órgão acompanha as apurações, com o objetivo de esclarecer todas as circunstâncias da ocorrência. Secretaria lamenta Em nota, a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia (SJDH) informou que está acompanhando a ocorrência policial que resultou na morte dos jovens. Leia posicionamento na íntegra: "A Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Estado da Bahia (SJDH) está acompanhando a ocorrência policial que resultou na morte de dois jovens no distrito de Abrantes em Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador. Motivada por denúncias recebidas na Ouvidoria do órgão, a SJDH está atuando junto à Secretaria de Segurança Pública e ao Ministério Público do Estado, para garantir a devida apuração e possível responsabilização dos envolvidos. O ocorrido teve ampla repercussão em vídeo que circulou nas redes sociais na madrugada desta terça-feira, 9 de julho. A Corregedoria da Polícia Militar informou que abriu procedimento de investigação e que os policiais e os familiares das vítimas estão sendo ouvidos. A Polícia Civil também já deu início às investigações e o Ministério Público, através do Geosp (Grupo de Atuação Especial Operacional de Segurança Pública), instaurou procedimento sobre o caso no exercício de suas atribuições de controle externo da atividade policial. “A polícia precisa funcionar como um agente de cidadania nos territórios. Qualquer ocorrência policial em que haja morte, seja quem for a vítima, é causa de muita preocupação por parte do estado e deve provocar profundas avaliações institucionais. O objetivo é que as polícias sejam implacáveis no combate aos crimes, mas preservando e protegendo a vida dos cidadãos. Episódios como este são lamentáveis pois minam a confiança nas instituições e fragilizam a imagem dos profissionais de segurança pública. Nossa expectativa é que a SSP e o MP avancem nas investigações e esclareçam o que de fato aconteceu. Os familiares e a comunidade merecem resposta sobre esse caso” disse o secretário da SJDH, Felipe Freitas. A SJDH, no âmbito do programa Bahia pela Paz, também buscará os familiares das vítimas para prestar a devida assistência". LEIA TAMBÉM: Investigado por mais de 10 assassinatos na BA e PE é preso no RJ Mototaxista é encontrado morto com mãos amarradas em Salvador Apóstola baleada na cabeça tem quadro de saúde estável após cirurgia para retirada de projétil Polícia Militar diz que houve troca de tiros em ocorrência que vitímou jovens na Bahia Veja mais notícias do estado no g1 Bahia. Assista aos vídeos do g1 e TV Bahia 💻

FONTE: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2025/07/09/jovens-sao-mortos-a-tiros-durante-acao-policial-em-salvador-pm-diz-que-houve-confronto-familia-nega.ghtml


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